sábado, 6 de março de 2010

Oi, filha.

Oi, filha.

Eu gostaria de ter começado a lhe escrever há mais tempo; desde que soube que você, meu sonho mais bonito e mais ansiosamente sonhado, finalmente, passara a existir. Algumas coisas, no entanto, acabaram por me atropelar e fui involuntariamente protelando as planejadas cartinhas. Perdoe o relaxamento da sua mãe. Com o tempo, minha querida, você perceberá que essa sua mãe é mesmo assim: meio com a cabeça em todos os lugares, meio em lugar nenhum, tanta coisa para fazer nesse mundo que você ainda não conhece mas que já a espera como se fosse a sua chegada o sentido de tudo que carece de fazer sentido, é assim que parece ser ao menos dentro do coração da sua mãe. A sua mãe, minha querida, veja que coisa, nascerá junto com você; a sua mãe, até hoje, era apenas uma menina crescida, sem grandes pretensões e responsabilidades. É você quem a está transformando na mulher que ela sempre acreditou que fosse capaz de ser. Seja paciente com ela. Não ria do jeito desajeitado que ela tem de demonstrar amor. Ou melhor, ria: a sua mãe, certamente, rirá junto com você e será ainda mais feliz nesse mágico instante de descontração e cumplicidade. A sua mãe espera por você como quem espera pelo momento em que nós, pobres seres humanos, frágeis, fugazes seres humanos, nos damos conta de que tudo o que vivemos, e tivemos, e sofremos nessa vida valeu a pena. E tudo valeu a pena, minha querida, por você.


Amor, da sua mãe.